quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A GRANDE FESTA DO VIVER

Marcos Paulo

Há algo no mundo que foge a toda esta correria que vivemos: felicidade. As pessoas colocam-na distante, sempre num próximo passo, mas a verdade é outra: atentos a cada momento, despistamos a ansiedade e alcançamos o ser feliz.


Depressão, ansiedade, remédios, angústias, intolerância, mais remédios, e assim a vida segue, sem sentido. Não há tempo para o agora, mas tão somente para o daqui a pouco. Percebam que a todo instante deparamo-nos com pessoas que querem pegar, sentir, preparar-se para o próximo momento, mas este futuro não existe. Só damos conta do agora. E este passa rapidamente, pois cada segundo tem um ecoar único em todo universo.

O culpado, todavia, não é só nosso. A rotina nos fez assim. Uma das principais consequências da revolução industrial foi a mudança brusca de todo o estilo de vida do homem moderno.  O que antes era o preparo para o almoço – e isto os índios fazem bem -, colher, pensar, preparar, confraternizar,; mudou-se para um pausa. A indústria impôs isto, não se vive mais este momento como um tempo de sociabilidade e de inebriamento para com os outros companheiros (aliás companheiros significa precisamente isto: cum + panis: aqueles que dividem o mesmo pão, mais isto é outra história). O fato é que o toque das sirenes e a pressão de produção impôs sutilmente um novo estilo de vida: o ponto auge do dia passou a ser o trabalho.

E as tecnologias nos encaminham para o pior. Imersos na correria, o balsamo de muitos é o celular, a rede social. Viciados não conseguem mais para um instante sem que o bendito celular apite, avisando que chegou mais uma mensagem inbox. Estar em contato com todos ao mesmo tempo foi o insight para que nosso corpo não mais tivesse descanso. Participa-se de uma conversa infinita, no quando e na hora que convier. Tentador... mas com desastres imensos na vida do homem pós-moderno: multifacetado, sem uma identidade concisa, o super-homem, nunca esteve tão conectado ao mesmo tempo que tão sozinho.

A aldeia global configurou-se um canteiro de doenças. Dentre elas a ansiedade e a depressão decorrentes na maioria das vezes do simples fato de não se viver o presente. Focados no passado, lamentam o que poderiam ter feito, choram os fracassos, capturam as vitórias; focados no futuro, almejam o sucesso, aspiram à felicidade, alçam a completude, vivem o daqui a pouco que nem se sabe existirá... E o presente?

No presente: se atropelam as pessoas, pois não se permite perda de tempo; chora-se o passado que jamais voltará; aspira-se uma mudança que não acontecerá se no presente a pessoa não semear as qualidades pertinentes. Desta forma, presente tornou-se sinônimo de embriagar-se, ou seja, vive-se um presente que está ausente pois a pessoa em si não está, vemos mas sem senti-la. É o mar, o sol e o vento, embriagados num mesmo badalar, num mesmo instante, numa mesma vivência, pois não mudam, pois estão inertes.

Oxalá, nosso presente seja mais inebriante pelo sentido que exercitamos em cada tarefa, em casa ouvir, em casa olhar. O fruto da felicidade estará presente se nestes momentos singulares que passam nossa vontade, nosso pensamento e nosso ser estejam doados para a grande festa que é o viver... Carpe Diem!

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