sábado, 20 de setembro de 2014

Breu no corredor

Por: Anaísis Dias


Foto por: Anaísis Dias
Saio da faculdade às 20h e sempre ligo para o meu pai ir me buscar, afinal, já está tarde para subir sozinha. Toca, toca, toca e ninguém atende o celular. Ligo pra minha mãe e a peço para avisar que já podem descer para me buscar porque a aula (glória a Deus) já acabou. “Vish filha, seu pai não está em casa, pega um taxi!”. Tentei realmente pegar um taxi, porém os dois pontos estavam sem carros, e havia em cada ponto três pessoas esperando.  Esperei por 10 minutos e nada de aparecer taxi nenhum. Achei que subir a pé seria a melhor opção, já que eu queria chegar em casa logo porque estava morta de fome-sono-cansaço. Tudo junto, assim mesmo! Subi rápido, pensando nas mil tarefas que precisava cumprir no outro dia. Marcar pautas, encontrar um amigo para continuar o tcc, gravar uma matéria no centro de convivência dos idosos, acordar cedo para concluir a semana do programa e, em meio a tantos pensamentos, sinto um empurrão e um frio no estômago. “Passa o celular” disse o cara sem camisa, magrelo e com os pés folgados no chinelo. Pensei: “ok está um breu no corredor, eu estou sendo assaltada, mas esse fdp vai levar o meu celular estragado que eu estrategicamente carrego na bolsa.”. Procuro em todos os cantos da bolsa e nada. Tive até tempo de pensar que bolsa de mulher é um porre. Tem tanta coisa, que quando você precisa ser ágil pra achar algo, acaba se enrolando. E eu não fui nada ágil. O cara, que, aliás, estava drogado/bêbado não teve mais paciência de esperar. Juntou o meu cabelo e eu me recolhi achando que levaria um soco bem no meio da cara. Não foi um soco, foi uma cabeçada no muro de chapisco. Ele ainda queria mais. Me empurrou no muro, apertou os meus peitos e me chamou de gostosa. Senti tanto nojo que eu poderia jurar que ali mesmo eu vomitaria (na cara dele, se possível). Qual a intenção dele, eu realmente não compreendi. Não era me assaltar, já que não levou o celular e nem fazer algo de pior comigo, já que depois que me apertou, ele simplesmente foi embora. Eu poderia ter gritado, esperneado ou ter feito qualquer outro escândalo. Mas na hora, meu bem, você só torce pra não acontecer nada pior. Algumas pessoas me falaram que ele queria apenas se divertir. “Se divertir?” fico me indagando. “Quem se diverte fazendo uma coisa dessas?”. As pessoas estão nojentas e a diversão está em outro nível. Lá embaixo! Está um breu no corredor. 

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