Por: Anaísis Dias
Foto por: Anaísis Dias |
Saio da faculdade às 20h e sempre ligo para o meu pai ir
me buscar, afinal, já está tarde para subir sozinha. Toca, toca, toca e ninguém
atende o celular. Ligo pra minha mãe e a peço para avisar que já podem descer
para me buscar porque a aula (glória a Deus) já acabou. “Vish filha, seu pai
não está em casa, pega um taxi!”. Tentei realmente pegar um taxi, porém os dois
pontos estavam sem carros, e havia em cada ponto três pessoas esperando. Esperei por 10 minutos e nada de aparecer
taxi nenhum. Achei que subir a pé seria a melhor opção, já que eu queria chegar
em casa logo porque estava morta de fome-sono-cansaço. Tudo junto, assim mesmo!
Subi rápido, pensando nas mil tarefas que precisava cumprir no outro dia. Marcar
pautas, encontrar um amigo para continuar o tcc, gravar uma matéria no centro de
convivência dos idosos, acordar cedo para concluir a semana do programa e, em
meio a tantos pensamentos, sinto um empurrão e um frio no estômago. “Passa o
celular” disse o cara sem camisa, magrelo e com os pés folgados no chinelo.
Pensei: “ok está um breu no corredor, eu estou sendo assaltada, mas esse fdp
vai levar o meu celular estragado que eu estrategicamente carrego na bolsa.”. Procuro em todos os cantos da bolsa e
nada. Tive até tempo de pensar que bolsa de mulher é um porre. Tem tanta coisa,
que quando você precisa ser ágil pra achar algo, acaba se enrolando. E eu não
fui nada ágil. O cara, que, aliás, estava drogado/bêbado não teve mais
paciência de esperar. Juntou o meu cabelo e eu me recolhi achando que levaria
um soco bem no meio da cara. Não foi um soco, foi uma cabeçada no muro de
chapisco. Ele ainda queria mais. Me empurrou no muro, apertou os meus peitos e
me chamou de gostosa. Senti tanto nojo que eu poderia jurar que ali mesmo eu
vomitaria (na cara dele, se possível). Qual a intenção dele, eu realmente não
compreendi. Não era me assaltar, já que não levou o celular e nem fazer algo
de pior comigo, já que depois que me apertou, ele simplesmente foi embora. Eu
poderia ter gritado, esperneado ou ter feito qualquer outro escândalo. Mas na
hora, meu bem, você só torce pra não acontecer nada pior. Algumas pessoas me
falaram que ele queria apenas se divertir. “Se divertir?” fico me indagando. “Quem
se diverte fazendo uma coisa dessas?”. As pessoas estão nojentas e a diversão está
em outro nível. Lá embaixo! Está um breu no corredor.
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